terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Rosa Lobato de Faria

Ontem, Salinger; hoje, Rosa Lobato de Faria.

A escritora contava 77 anos e estava internada, há algum tempo, num hospital privado, em Lisboa.
Enquanto escritora, publicou um conjunto assinalável de obras: O Pranto de Lúcifer; Os Pássaros de Seda (1996), Os Três Casamentos de Camila S. (1997), Romance de Cordélia (1998), O Prenúncio das Águas (que ganhou o prémio Máxima de Literatura em 2000), A Trança de Inês (2001), O Sétimo Véu (2003), Os Linhos da Avó (2004), A Flor do Sal (2005), A Alma Trocada (2007), A Estrela de Gonçalo Enes (2007) e As Esquinas do Tempo (2008). Escreveu, também, vários livros infantis e peças de teatro, como A Hora do Gato, Sete Anos - Esquemas de um Casamento e A Severa.
Rosa Lobato de Faria estreou-se como locutora na RTP nos anos 60. Recentemente, apresentou os programas "Cartas de Amor" e "Chá das Cinco". A sua figura ficou conhecida do grande público pela sua participação, como actriz, na primeira telenovela portuguesa, "Vila Faia", data de 1982, onde interpretava a personagem de Beatriz Marques Vila, esposa da personagem interpretada por Rui de Carvalho. No cinema, sob a direcção de João Botelho, participou no filme "Tráfico" (1998) e "A Mulher que Acreditava ser Presidente dos EUA", além de dois filmes de Lauro António: "Paisagem sem Barcos" (1983) e "O Vestido Cor de Fogo" (1986).
A par de José Carlos Ary dos Santos, Rosa Lobato Faria foi a letrista com mais sucesso no Festival RTP da Canção, tendo obtido quatro vezes o primeiro lugar com os temas "Amor de Água Fresca" (interpretado, em 1992, pela cantora Dina), "Chamar a Música" (interpretadao, em 1994, por Sara Tavares), "Baunilha e Chocolate" (cantado por Tó Cruz, em 1995), "Antes do Adeus (na voz de Celia Lawson, em 1997).

J. D. Salinger

Morreu o autor de Uma Agulha no Palheiro. Viveu em isolamento mais de 50 anos.


O escritor americano J. D. Salinger morreu ontem aos 91 anos. Notabilizou-se pela sua obra de culto The Catcher in the Rye - Uma Agulha no Palheiro na primeira edição portuguesa e, numa nova tradução recente, À Espera no Centeio - mas sobretudo por se ter negado à fama. Viveu isolado de honrarias na sua casa do New Hampshire até ao fim.

A morte do escritor foi anunciada pelos seus representantes literários, a Harold Ober Associates. Vivia em total isolamento há mais de 50 anos. "Era o Garbo das letras, famoso por não querer ser famoso", escreveu Charles McGrath no obituário do The New York Times.

Salinger publicou apenas quatro obras. Além de Uma Agulha no Palheiro (1951), Nove Contos (1953), Franny e Zooey (1961) e Carpinteiros, Levantai Alto o Pau de Fileira e Seymour: (Uma Introdução) (1963). Escreveu ainda vários contos que nunca foram editados em livro, alguns dos quais na The New Yorker. Desde 1965 que não publicava nada.

Uma Agulha no Palheiro tem como (anti-)herói o jovem Holden Caulfield, expulso do colégio caro que frequenta e que expressa o seu desprezo pelo mundo "falso" dos adultos de forma singular, enquanto vagueia por Nova Iorque. O livro virou best-seller imediato e "bíblia" do mal-estar juvenil, chegando a ser proibido em bibliotecas públicas e escolas nos EUA, e leitura recomendada noutras. É uma obra-chave da literatura americana do pós-guerra.

Em 1988, o escritor e crítico britânico Ian Hamilton publicou uma biografia não autorizada do escritor, In Search of J. D. Salinger, cuja publicação este tentou bloquear, sem sucesso. Em 2009, Salinger impediu a saída de uma pretensa continuação de Uma Agulha no Palheiro, pelo sueco Fredrik Colting. Nomes como Philip Roth, John Updike ou Harold Brodkey disseram ter uma dívida literária para com Salinger.

Nascido em Nova Iorque em 1919, J. D. Salinger combateu na II Guerra Mundial. O sucesso estrondoso de Uma Agulha no Palheiro levaram-no a dizer ao seu agente para queimar todas as cartas dos seus admiradores e a mudar-se de Manhattan para uma casa de campo no New Hampshire, onde viveu até à morte com a família. Quando ia aos restaurantes locais, comia na cozinha, para evitar encontrar pessoas.